Privacy & Cookies
Este site usa cookies. Ao continuar, você concorda com o seu uso. Aprenda mais, incluindo como controlar cookies.
Menos de 500 palavras.
Alerta de spoiler: Todas as revisões de história assumirão que o leitor leu a história. Leia-o gratuitamente aqui.
Eu sou um crente firme no adágio, “Forma segue função”, e assim se um dispositivo está presente em uma história, ele deve servir a um bom propósito.
Conto de Alexie, “O que você peão eu vou redimir”, começa com uma indicação de tempo – “Meio-dia” (8)- e logo descobrimos que a estrutura do tempo é justificada porque o enredo e o clímax dependem dele. Passam mais de três páginas antes da próxima indicação do tempo – “1 p.m.”. (12)- aparece. Nessa altura (sem intenção de trocadilho), já quase esquecemos a estrutura do tempo. O que nos faz lembrar, porém, pouco antes dessa transição, é o conflito que surgiu: o personagem principal, um nativo americano sem-teto de Washington chamado Jackson Jackson (sic), deve encontrar US$ 999 até o meio-dia do dia seguinte para comprar a regalia cerimonial roubada de sua avó de um penhorista. Caso contrário, o negócio está cancelado (12). O relógio está correndo, e a estrutura horária se torna o dispositivo que conduz a história. Isso nos permite ruminar sobre o segundo dispositivo do Alexie: place.
Alexie identifica os lugares, ou cenários, nos quais Jackson se encontra dentro da prosa, ao invés de ser amontoado ao lado da indicação das horas. Isso porque Jackson se move entre alguns lugares dentro da maior parte das faixas de tempo. O tempo é o factor impulsionador da história (nada mais tenso do que um relógio em contagem decrescente!) mas o lugar torna-se a tapeçaria da história.
Vemos tudo desde um 7-11, a uma loja de penhores, a um beco, a uma editora de jornais, a uma mercearia coreana, a um bar, e de volta à loja de penhores (e tenho a certeza que perdi um ou dois). Isso é muito para cobrir em uma história! Mas essa é a vida que nós assumimos – de um sem-abrigo. Se ligarmos isso à herança indígena americana de Jackson (cujos ancestrais Spokane viveram lá milhares de anos antes), podemos pensar em Jackson vivendo esse conceito estereotipado do índio errante que vive fora da terra, como a terra é agora.
A história de Jackson é uma busca pelo tempo através de sua terra natal em busca de redenção. Há ajudantes pelo caminho, como o Big Boss da editora e o bom policial Williams, mas Jackson é o seu pior inimigo: cada dólar que entra volta para fora; e ainda assim, ele nunca desiste da busca.
Finalmente, o tempo e o lugar colidem enquanto Jackson volta para o penhorista. Entendemos que a loja do penhorista pode fazer parte do mito da busca deste índio, pois não é onde Jackson se lembra dela, e ninguém parece ter ouvido falar dela (Alexie 27). Ele vagueia e vagueia, e depois encontra-o bem no momento certo. Mas ele não tem o dinheiro. O penhorista aceita 5 dólares – 5 dólares diferentes dos que Jackson começou com (28) – porque não se tratava do dinheiro. Era sobre a busca.
Estamos muitas vezes dispostos a perdoar ao herói os seus pecados, ignorar a sua alma auto-suficiente, e perdoar a sua mão vazia se, no final, ele chegar na hora certa e no lugar certo.
A minha revisão: Esta é a minha primeira introdução ao trabalho do Alexie, embora já tenha ouvido falar dele antes. Eu apreciei a honestidade e clareza com que esta história foi escrita. Literatura cultural não é a minha preferência (embora se possa argumentar que toda a literatura é cultural e só parece não ser quando é a sua própria cultura), mas quando um escritor a torna acessível – isto é, quando um escritor não confia na culpa para “mover” o leitor – eu realmente aprecio isso. Eu apreciei esta história.
Citações favoritas:
- “Eu não parti corações em pedaços da noite para o dia. Eu os quebrei lenta e cuidadosamente.” (8)
- “Eu adoro o cheiro da água do mar. O sal cheira sempre a memória.” (13)
- “‘Tal como um homem’, disse ela. ‘Você ama o dinheiro e o poder mais do que me ama’. ¶ ‘É verdade’,’ eu disse. ‘E lamento que seja verdade.'” (17)
Work Cited
Alexie, Sherman. “O que tu peões eu vou redimir.” O Leitor Seagull: Histórias. 2ª ed., editado por Joseph Kelly, Estados Unidos, W.W. Norton, 2008, pp. 8-28.
Panel de leitura! Segue-me em
Facebook @ChrisCWrites
Twitter @ChrisC_Writes
Instagrama @_chris_chinchilla